Na noite de quarta-feira, 25/9, foi lançado na Biblioteca do Senado o livro “Seu amigo esteve aqui”, da jornalista Cristina Chacel.
A história do desaparecido político Carlos Alberto Soares de Freitas, assassinado na Casa da Morte, em Petrópolis (RJ), é contada nesse livro.
Após 27 anos de retorno à democracia, o Brasil ainda luta para desenterrar e reconstituir uma dolorosa história de crimes e desaparecimentos passada nos porões do regime militar. ‘Seu amigo esteve aqui’ faz parte desse árduo trabalho de investigação. Dirigente da organização clandestina de esquerda VAR-Palmares, e desaparecido aos 31 anos, Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, codinome Breno, é o protagonista dessa história arrebatadora.
Nascido em Belo Horizonte, Beto acordou para a política na universidade, no início da década de 1960. Aderiu ao grupo socialista de esquerda Polop, colaborou para a formação das Ligas Camponesas de Minas Gerais e foi preso em 1964 por pichar um muro com palavras de solidariedade a Cuba. Libertado com um habeas corpus, foi condenado à revelia a três anos de prisão. Na clandestinidade, ajudou a fundar a Colina, que adiante formou a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), com ramificações em todo o país. Pela força de sua liderança, Beto atraía para a resistência inúmeros jovens – entre eles a então secundarista de dezesseis anos Dilma Rousseff, uma das personagens dessa trama.
Em 15 de fevereiro de 1971, Beto foi preso no Rio de Janeiro e nunca mais foi visto. Uma década depois, descobriu-se que ele fora assassinado em uma casa em Petrópolis (RJ), a Casa da Morte, onde presos políticos eram mantidos em cárcere privado, sendo barbaramente torturados e quase sempre mortos.
Num texto digno do melhor jornalismo investigativo, o livro traça um perfil desse personagem a partir de pesquisas em jornais e documentos inéditos e cerca de 60 depoimentos de ex-militantes, parentes e amigos de Beto. Cristina Chacel reúne e monta pedaços de episódios, narrativas imprecisas entremeadas por lacunas, fazendo uma costura de lembranças, muitas delas trazidas à tona pela primeira vez. Nessa tessitura, percorre um caminho tortuoso para qualquer biógrafo, o de desvendar uma vida clandestina, e revela uma nova história, até mesmo para quem a viveu.
Prestigiaram o evento, uma iniciativa dos senadores Ana Rita e João Capiberibe, respectivamente presidente e vice-presidente da CDH do Senado, os ministros Garibaldi Alves, Teresa Campelo, Eleonora Menicucci, o ex-ministro Franklin Martins, o deputados federais Alessandro Molon, Janete Capiberibe e o senador Randolfe Rodrigues.