Entusiasta da aproximação de Marina Silva ao PSB desde o primeiro momento, o senador João Capiberibe (PSB-Amapá), membro da executiva nacional do partido, se coloca como porta voz da Amazônia durante o processo de campanha, agora à presidência, da candidata.
Para o senador, a candidatura de Marina representa um novo, e há muito esperado, modelo de desenvolvimento em sintonia com a diversidade da Amazônia:
“Marina presidente representa verdadeiramente a possibilidade de reduzir a assimetria entre Brasil Norte e Brasil Sul. É uma esperança para o povo brasileiro da Amazônia, que necessita de um olhar moderno e embasado na sustentabilidade, que respeite e entenda a diversidade ambiental, cultural e social, muito peculiar desta região. Com Marina será possível definitivamente migrar da tradicional política voltada para a Amazônia para um novo modelo”, defendeu o senador.
Tendo mais quatro anos de mandato como senador, logo não sendo candidato a nenhum pleito em 2014, Capiberibe, autor do premiado PDSA – Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, implementado quando governador em 1995, sempre teve Marina como aliada incondicional na defesa um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia.
Análise visionária
Em e abril de 2013, seis meses antes de a instância executiva lançar Marina Silva como vice, João Capiberibe já defendia uma composição entre Campos e Marina como única forma do cotado candidato à presidência pelo PSB se contrapor com peso à reeleição de Dilma Rousseff. A análise eleitoral do senador fica clara em matéria do jornal Valor Econômico (12/4/2013).
Leia abaixo a matéria:
Capiberibe cobra mais consistência da candidatura do PSB
Por Cristian Klein e Luciano Máximo | São Paulo
Um dos quatro Senadores do PSB, partido do presidenciável Eduardo Campos, o ex-governador do Amapá João Capiberibe não compartilha do otimismo que mostram os correligionários defensores da candidatura própria ao Planalto em 2014. Capiberibe afirma que será muito difícil Campos se contrapor à reeleição da presidente Dilma Rousseff, se não acontecer uma “hecatombe”. Para o Senador, a melhor saída seria uma composição com a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que tenta criar o partido Rede Sustentabilidade para também concorrer à Presidência.
“Como o governo da Dilma está indo tão bem, é um governo tão bem avaliado, para você se contrapor a isto tem que ter uma ideia muito consistente”, disse ao Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.
Capiberibe afirma que apenas o discurso da modernização do Estado, marca de Eduardo Campos, não será suficiente para galvanizar apoio no eleitorado. O ideal para o PSB, em sua opinião, é que se busque uma aliança com Marina Silva. O Senador entende que a candidatura própria ainda não é irreversível. “Se mantiver esse nível de emprego, de renda, a inflação sob controle, a presidente vai continuar gozando altos índices de popularidade e isso numa eleição é muito difícil de desmontar. No ano eleitoral, não desmonta mais”, afirma.
Capiberibe diz que sua opinião não é tão minoritária no partido e lembra que “havia uma expectativa, ou ainda há, em alguns setores, de uma aproximação entre o Eduardo e a Marina”. “É um desejo. Até porque se uma guinada política aproximasse os dois aí daria uma candidatura mais sólida, com mais consistência, com programa mais claro. Marina tem um viés fortemente pelo desenvolvimento sustentável, uma preocupação ambiental. Eduardo trabalha mais a modernização do Estado, a republicanização dos orçamentos públicos. Se houvesse ponto de encontro e convergência, tenho impressão de que ficaria muito mais forte [a candidatura]”, afirmou.
Há dois meses, Campos sinalizou que gostaria de compor com Marina Silva e deu demonstrações de apoio à fundação de seu partido. A ex-ministra, porém, tem evitado a aproximação ao justificar que os dois têm projetos diferentes.
Mesmo assim, Capiberibe afirma que a união ainda pode ser concretizada. “O meu desejo é que houvesse uma consistência, uma unidade, uma discussão mais ampla”, diz o Senador. Ele conta que o PSB ainda não realizou qualquer reunião oficial sobre a candidatura presidencial e que o debate com os seis governadores do partido ainda deverá acontecer, “para costurar e ver como fica”. Seu filho, Camilo Capiberibe, é um destes governadores e tem uma aliança com o PT, que pode ser rompida caso o PSB lance Eduardo Campos.
O Senador lembra que nem sempre a decisão nacional prevalece sobre a política local. E acredita que possa haver um palanque à reeleição de Camilo que receba tanto Dilma Rousseff quanto Eduardo Campos. “Foi o que aconteceu comigo em 1994. Quando Lula, com quem estávamos aliados na candidatura presidencial, foi ao Estado, levei toda a base de militantes para nosso palanque. Quando veio o Brizola, fui sozinho, mas também subi no palanque dele”, conta.
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Nos meados dos anos 80, João Capiberibe trabalhou na Secretaria de Agricultura do Estado do Acre, organizando as sociedades agrícolas no Vale do Juruá. Durante seu mandato como prefeito de Macapá, iniciado em 1989, se aproximou de Jorge Viana, então candidato a governador do Acre pelo PT. Jorge foi o primeiro candidato do PT a disputar o segundo turno de uma eleição estadual no Brasil. Foi derrotado, mas se credenciou para conquistar em 1992 a prefeitura do Rio Branco.
Foi nessa época que Capiberibe conheceu Marina Silva, a vereadora mais votada de Rio Branco. Apesar da derrota de Jorge, Marina se elegeu deputada estadual, com expressiva votação.
Marina concorreu ao Senado e foi eleita senadora, aos 36 anos, tendo sido reeleita no pleito de 2002. Capiberibe mantém um saudável relacionamento com a Marina e os irmãos Viana, na luta para reerguer o Acre.
Ao assumir o governo do Amapá em 1994, com o apoio do seu partido, o PSB, implantou o PDSA – Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá, um novo modelo de desenvolvimento para a Amazônia. O programa valeu vários prêmios internacionais ao Governo do Amapá. O PDSA é a única estratégia para a preservação do meio ambiente, da equidade social e consequentemente a proteção da biodiversidade.
Ao ser eleito governador, Jorge Viana, também implantou no Acre um programa de desenvolvimento sustentável, chamando-o de Florestania. Esse relato mostra o forte elo ideológico que une Capi, Jorge e Marina, defensores do desenvolvimento sustentável.
Na noite de cinco de outubro, pelas redes sociais, Capiberibe manifestou, em nome do PSB do Amapá, que preside, a alegria e os votos de boas vindas à ex-senadora Marina Silva ao partido, principalmente por que ela decidirá apoiar a pré-candidatura a presidente de Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB com o objetivo de sepultar a Velha República e iniciar uma nova era política no país.