Programa usa visual lúdico de livro infantil e critica o governo Dilma
Programa de TV do PSB usa técnica inovadora de animação, o “visual thinking”, no estilo scrap book – Divulgação
BRASÍLIA – Com uma técnica inovadora de animação, o “visual thinking”, no estilo scrap book, o PSB exibe na noite desta quinta-feira o seu programa semestral de 10 minutos. Na nova experiência em que uma historinha é contada com visual lúdico de livro infantil, não aparece nenhum político falando, e as críticas ao governo Dilma Rousseff são “viscerais” e as mais duras feitas até agora, segundo o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, na apresentação do programa. A única referência a políticos é no encerramento, com bonequinhos de João Mangabeira, Eduardo Campos e Miguel Arraes, os maiores ícones do PSB.
Outra exceção é a menção ao senador João Capiberibe, autor da lei da transparência que dá mote para um programa de interatividade com o espectador, instado a participar com denúncias de atos de má gestão e corrupção no setor público.
O programa começa com imagens do Brasil potência: a sétima economia mundial, riquezas naturais infinitas, florestas deslumbrantes, campeão de produção de grãos e minério. Em seguida, o locutor pergunta: então porque o Brasil está em crise? Porque, ao contrário dos brasileiros, que fazem a sua parte, o governo não faz a dele. A partir daí, o livrinho animado mostra todas as mazelas do governo petista que levaram o Brasil a sua maior crise econômica e social.
O programa foi feito pelo produtor Marcos Martinelli, e a animação pelo artista plástico Felipe Gontijo.
— É um formato novo em relação a tudo que já vimos e fizemos, sem qualquer fala de políticos ou dirigentes partidários. Só animação e voz. Decidimos inovar, porque as pesquisas mostram que as pessoas não veem programas onde há uma sucessão de falas políticas. Estamos correndo o risco, porque não sabemos qual será a reação do eleitor — comentou Carlos Siqueira.
Ao explicar que o programa é uma prova definitiva de que não houve recuo do PSB em relação ao governo Dilma, o vice-presidente da legenda, Beto Albuquerque, diz que fica claro que não compactuam com “esse governo perdulário e mentiroso”. Sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma, os dirigentes do PSB explicam que, quando chegar no plenário, vão reunir a executiva para decidir como se posicionar.
— O impeachment não é uma bandeira do partido e as condições precisam ser criadas. O PSB vai se posicionar no momento em que essas condições forem criadas, e o pedido chegar no plenário — disse o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande.
— Se o impeachment chegar ao plenário, é porque o governo já acabou — avalia Beto Albuquerque.
Já em relação ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizem que sua situação é insustentável e a orientação é que o PSB vote favorável à cassação no Conselho de Ética e no plenário.
Na última semana a ex-ministra Marina Silva foi ao PSB oficializar sua desfiliação, encerrando uma relação conflituosa com os dirigentes desde que entrou no partido para ser vice de Eduardo Campos, e depois de sua morte, assumiu a candidatura como cabeça de chapa. O episódio mais polêmico foi quando Marina destituiu Carlos Siqueira da coordenação da campanha presidencial e tomou as rédeas do PSB, causando indignação entre os integrantes históricos do partido.
— Ela acabou comigo, mas eu também acabei com ela. A guerra só é boa quando tem tiros dos dois lados — brincou Siqueira, garantindo que a partida de Marina foi tranquila, já que sua passagem tinha data de validade já conhecida.
Agora, em 2018, o certo é que Marina e o PSB, que pretende construir uma candidatura para disputar a presidência da República, estarão em lados opostos, pelo menos no primeiro turno.
— O certo é que teremos um candidato. Estamos construindo nosso caminho como fizemos em 2014 — disse Beto Albuquerque, que já se coloca como uma das alternativas do PSB em 2018.
POR MARIA LIMA / O GLOBO