Estou tenso e angustiado, sofrido. Um nó na garganta, e uma dor profunda pressiona meu peito. Não me sai da cabeça o momento da barbarie, como se eu estivesse ali presente, estático e invisível, ouvindo os disparos. Vendo as almas de Marielle e Anderson abandonarem seus corpos. A cena colou na minha retina me deixando atordoado, tateando na escuridão, tentando entender a tragédia coletiva do meu país.
Vejo o sorriso jovem encantador de Marielle nos quatro cantos do cyberespaço, enxugo uma lágrima incontida, contemplo sua imagem terna, transpirando liberdade. Ela de repente se transmuda, o meigo sorriso desaparece, a tensão brota da alma, apodera-se dos seus sentidos. O perigo ronda por perto, ela não recua, com intransigência e destemor, entrega-se a luta, ao lado dos injustiçados da Maré e do mundo.
Finalmente a quarta-feira duplamente consagrada à estupidez humana acontece, silenciaram Mariella, e com ela a esperança, no entanto o eco de sua voz permanecerá para sempre assombrando os insanos que nas redes sociais comemoram sua morte.
Marielle vive! Para sempre entre nós, acalentando sonhos e utopias dos que lutam por justiça e igualdade.
15.03.2018
Senador João Capiberibe