O ser humano desonesto mede os outros por sua régua, não acredita que seu semelhante possa ser honesto. Essa estratégia é usada para jogar todos os políticos no lamaçal da roubalheira do dinheiro público. Infelizmente a corrupção não acontece por desvio de conduta pessoal de um ou outro indivíduo, trata-se na verdade de um sistema profundamente enraizado nas estruturas do poder, envolvendo executivo, legislativo e judiciário, esse conluio criminoso no Amapá é chamado de “harmonia”.
Esse trecho faz parte de um longo discurso que fiz da tribuna do Senado, em 12 de maio de 2014, onde relato a corrupção sistêmica que enfrentamos no Amapá nos últimos 30 anos. Alguns dos envolvidos que compõem minha narrativa nesse discurso, foram punidos, deputados foram parar no IAPEN e um desembargador foi expulso do Tribunal de Justiça do Amapá, no entanto, é um pingo d’água no oceano da corrupção, quando o governador Camilo Capiberibe deixa o governo em 2015, a “harmonia” volta a se instalar, e todos os processos foram paralisados, ninguém mais foi julgado e punido.