Senador João Capiberibe (PSB/AP) falou na tribuna do Senado nesta terça-feira (4) sobre a Reforma Trabalhista.
“Eu acho que ainda há tempo para os senadores analisarem friamente quem ganha com essa reforma. Na verdade, todos perdem. Uma reforma feita sob encomenda para que todos tenham prejuízos, patrões e trabalhadores. Portanto, ainda é tempo de uma reflexão, para que a gente faça as mudanças que têm que ser feitas, que aprovem o relatório que foi aprovado na CAS, do senador Paim, que volte para a Câmara, e vá se aprimorando e de fato se faça uma reforma que modernize, e não aquela que as manchetes dos jornais de 1888 anunciavam como o fim da economia brasileira”, afirmou Capiberibe.
Na opinião do senador, a reforma não vai ajudar. “Ao contrário, se essa reforma for aprovada, a economia brasileira vai continuar em profunda recessão. Este Congresso está sem condições e sem autonomia. Não falo de legitimidade. Estou falando de autonomia para tomar decisões”, ressaltou.
“Eu fico imaginando a situação de um trabalhador que vai pedir um emprego. Ele só tem um produto a oferecer, que é a força de trabalho dele, e em uma situação de pleno desemprego como nós estamos vivendo, em que 14 milhões de trabalhadores estão desempregados, como é que ele vai barganhar preço pela única mercadoria de que ele dispõe, que é a sua força de trabalho?”, indagou o senador em seu discurso.
Eis a resposta: “ Vai haver uma imposição. O patrão vai fazer a oferta e ou ele aceita ou vai morrer de fome. Não tem três alternativas, só tem duas: ou aceita aquelas condições de trabalho ou então vai passar fome. A mesma coisa é o turno intermitente. A pessoa não sabe nunca quanto vai ganhar e quanto vai recolher para a Previdência”.
Semelhança – Capiberibe lembrou das manchetes de 1888, que em pleno movimento da abolição da escravatura, diziam que se o Imperador abolisse a escravidão no Brasil a economia brasileira ia afundar, porque não teria mão de obra escrava para tocar a produção.
“Hoje, vejo a propaganda do Governo dizer que se não aprovarmos as reformas a economia vai afundar mais do que já está. Não, é o contrário. A economia vai continuar em recessão com a aprovação, porque os trabalhadores vão ganhar menos, vão consumir menos, vão pagar menos impostos e o País vai mergulhar de uma maneira mais profunda na recessão”.
Veja aqui a ínegra do discurso: