Da Agência Senado –
A senadora Ana Rita (PT-ES) classificou como “um ato de discriminação contra a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH)” a tentativa de barrar, nesta terça-feira (1º), a entrada de 70 lideranças indígenas no Senado. A liberação do acesso foi negociada diretamente por Ana Rita com o presidente da Casa, senador Renan Calheiros. Segundo a Polícia do Senado, só poderiam entrar 30 representantes dos índios, convidados a debater eventual retirada de direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988 – para um número maior de pessoas, seria necessária autorização do presidente da Casa.
– Queria demonstrar solidariedade e pedir desculpas. Lamentavelmente, não é a primeira vez que acontece. Já tivemos dificuldades com (o acesso de) agricultores familiares, integrantes do movimento sem terra, quilombolas. A Casa tem regras, mas não se justifica impedir que determinados atores da sociedade tenham acesso a este espaço – protestou Ana Rita, presidente da CDH.
O vice-presidente da comissão, senador João Capiberibe (PSB-AP), disse nunca ter presenciado uma situação tão desagradável enquanto parlamentar.
– A situação é constrangedora para nós e para vocês (indígenas), submetidos a um tipo de absurda desconfiança. A entrada aqui deveria ser franca, aberta. Manifesto repúdio a tudo o que vocês viveram e espero que isso não mais se repita – declarou Capiberibe.
Participantes do debate sobre os direitos constitucionais assegurados aos índios também reagiram ao episódio.
– Mais uma vez, ao chegar nesta Casa, somos recebidos pela truculência da polícia. A gente não entende porque esta Casa, sendo do povo, não abre as portas para a gente participar das discussões – reclamou a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia “Guajajara” dos Santos.
O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Cesar Busatto, também manifestou repúdio à resistência na liberação da entrada dos índios.
– Isso faz parte de um conjunto de entendimentos de cunho preconceituoso que existe em nossa Nação – afirmou.