A Câmara dos Deputados realizou na quinta, 06, Sessão Solene para devolver simbolicamente os mandatos dos parlamentares cassados durante a ditadura civil-militar. Cento e setenta e três deputados e deputadas perderam seus mandatos arbitrariamente em três fechamentos do Congresso Nacional determinados pelos ditadores militares. 27 parlamentares ainda estão vivos, 18 foram à Câmara dos Deputados na sessão proposta pela deputada Luíza Erundina (PSB/SP), coordenadora da Comissão Parlamentar da Memória, Verdade e Justiça.
Pessoalmente ou por meio de representantes ou familiares, receberam um diploma simbólico para o exercício do mandato parlamentar e os mesmos botons usados para identificar os deputados e deputadas em exercício.
O senador João Capiberibe e a deputada federal Janete Capiberibe participaram do evento. Janete parabenizou os parlamentares pelo retorno aos mandatos e elogiou a iniciativa da colega paulista. “A profunda paixão com que se dedica à causa a torna mais nobre, com elevado poder de discernimento e de justiça, de dimensão tão grande quanto Vossa Excelência, que a lidera nesta Casa”. Com as mesmas palavras, incentivou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade, representada na Sessão Solene pelo coordenador, Cláudio Fonteles.
“Hoje, damos mais um passo na consolidação da democracia, da memória e da história do povo brasileiro, para que nossos jovens e crianças as conheçam e não permitam que voltem os momentos obscuros e totalitários”, afirmou a deputada, antes de defender que seja revista a Lei da Anistia que tratou da mesma forma os torturadores e torturados, os perseguidores e os perseguidos. A revisão está prevista no projeto de lei 573/2011 que tramita na Câmara dos Deputados.
Após a Sessão Solene foi lançado o livro “Parlamento Mutilado – Deputados federais cassados pela ditadura de 1964”, dos consultores Márcio Rabat e Débora de Azevedo, que lista os congressistas cassados pela ditadura e situa historicamente os fatos, e inaugurada a exposição com o mesmo nome, no corredor de acesso ao Plenário Ulisses Guimarães, que fica aberta à visitação até o dia 14 de dezembro.
Texto: Sizan Luis
Foto: Aline Guedes