Um grupo de brasileiros presos e torturados no Chile, em 1973, após o golpe militar que derrubou o então presidente Salvador Allende, vai participar de audiência pública da Subcomissão da Memória, Verdade e Justiça do Senado, presidida pelo senador João Capiberibe. O objetivo é esclarecer a participação e as ações ilegais efetuadas por representantes da polícia política brasileira naquele país, em cooperação com a repressão chilena.
A audiência será na próxima segunda-feira, 14/4, na Comissão de Direitos Humanos, às 9h (Ala Nilo Coelho, sala 2) e será transmitida ao vivo pela TV Senado.
Autor do requerimento da audiência pública, Capiberibe esclarece que uma das finalidades da oitiva é a de identificar os policiais que clandestinamente foram deslocados até o Chile, para realizar interrogatórios no Estádio Nacional, transformado à época em campo de concentração de prisioneiros políticos chilenos e estrangeiros.
“Logo depois do golpe houve verdadeira caça aos estrangeiros. A maioria buscou refúgio em embaixadas ou se abrigou em campo de refugiados das Nações Unidas, mas muitos foram presos pela repressão chilena e conduzidos ao Estádio Nacional”, relata o senador.
A cooperação entre as polícias políticas naquele episódio antecipou a Operação Condor, esquema de repressão que reuniu ainda a participação do Uruguai e da Argentina, para a colaboração em prisões, assassinatos e sequestros de perseguidos políticos oriundos de cada um desses países.
Foram convidados para a audiência:
– Dr. Otto Brockes, médico, residente em Goiânia. Presença confirmada .
– Professor Nielsen de Paula Pires, da UNB. Mora em Brasília e trabalha no Paraná. Presença confirmada.
– Vitório Sorotiuk, advogado, resistente em Curitiba. Presença confirmada.
– Tomás Togni Tarqüinio, antropólogo, residente em Brasília, cargo comissionado no Senado. Presença confirmada.