Uma editora alemã – Konigshausen e Neuman – recusou, em plena Feira de Frankfurt , distribuir o livro “Saraminda”, apontado pelos amigos, que não são poucos, como mais uma obra-prima do Senador/escritor ou Escritor/senador José Sarney. O Consulado brasileiro em Frankfurt, realizando uma das mais acertadas medidas de nossa diplomacia externa nos últimos 10 anos, talvez, também recusou comprar 500 exemplares da obra, em alemão. Bem, se em português já chega a ser indigesta, fora do círculo de áulicos, tal leitura, imaginemos na língua de Goethe. Duro golpe para as veleidades, que nunca foram modestas, de Sarney.
Quis as voltas do mundo que, neste mesmo momento, João Capiberibe, também Senador como ele, e do mesmo estado do Amapá, lançasse “Florestas do Meu Exílio”, em silêncio, modestamente, e por sinal um belíssimo livro. É uma leitura que você começa e se torna difícil parar. O que têm os dois livros em comum: zero, nada. Ocorre que Capiberibe, que já governou o Amapá, teve o seu estado invadido pela presença e poder de Sarney. Capi comeu o pão que o diabo amassou, a partir do momento que Sarney ganhou um mandato, fora do Maranhão e provou sua mão forte e pesada. Capi teve o mandato de Senador cassado, num processo típico da justiça brasileira, e foi lançado ao sereno, praticamente catapultado da política do estado onde nasceu durante anos.
Nas últimas eleições Capi conseguiu se eleger novamente Senador, até porque Sarney já está em fim de linha, fisicamente. Imagino que as relações dos dois, agora como Senadores do mesmo estado, não sejam feitas de ternura. Posso até imaginar uma reflexão maliciosa, fruto das minhas origens cristãs: “vingança é como uma sopa quente, que precisamos saborear, lentamente, pelas bordas.”
Texto de Edilson Martins – Retirado de seu perfil no Facebook
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