O senador João Capiberibe lança, neste sábado (7/9), em Macapá, o livro de sua autoria “Florestas do meu exílio” (Ed. Terceiro Nome), onde conta a saga da família Capiberibe (João, Janete e os filhos Artionka, Luciana e Camilo) na luta pela sobrevivência durante os anos de chumbo da ditadura civil-militar. O evento será na Sala de Vidro do Museu Sacaca, a partir das 19h30 . A sessão de autógrafos será a segunda de um roteiro que percorre cidades de vários estados do Brasil, inaugurado em São Paulo, por exigência da editora Terceiro Nome, lá sediada. Na ocasião centenas de amigos, parentes e admiradores do autor estiveram presentes. Agora será a vez de a capital amapaense participar desta grande realização pessoal de Capi. Durante o evento no Museu Sacaca, artistas – como Jaime Ernest Dias, Eduardo Rangel, Humberto Moreira, Indiana Nomma, Aroldo Pedrosa e Zé Miguel – se apresentarão no show “Canto de Uma Geração”, dirigido pelo maestro Joaquim França. A trilha é baseada nas passagens do livro.
A obra, uma autobiografia romanceada, destaca o período em que Capi foi perseguido pela ditadura, o seu papel na ALN (Ação de Libertação Nacional), o encontro com Mariguella, a prisão, a tortura e, principalmente, os anos de exílio. Um dos momentos mais emocionantes fica por conta da fuga cinematográfica da prisão, em 1971. Depois de ficar por quase um ano encarcerado no presídio de São José, em Belém, Capiberibe muito doente, foi transferido para o hospital da Santa Casa. Dalí fugiu disfarçado de médico, pela porta da frente e navegou milhares de quilômetros pelos rios Amazonas e Madeira, levando a mulher e a filha de menos de um ano, a caminho da Bolívia. Na travessia pela América do Sul, novos integrantes chegariam: um casal de gêmeos. Foram quase dez anos de exílio, passados entre Bolívia, Chile, Canadá e Moçambique.
“Transformei esse período da minha vida num romance com nome de floresta pois ela está na minha origem”, destaca o autor. Para Capi, a memória é fundamental para a afirmação da democracia: “Escrevi esse livro pensando nos meus, digo, nos nossos filhos e netos, que fazem parte das gerações que nasceram e cresceram na democracia, para que saibam o Brasil nem sempre foi assim. Escrevi desejando que a parte dolorosa dessa história não se repita. Mas, como tudo na vida, mesmo dentro da dor, da luta, há alegria e amor”, diz. “Tudo o que queremos é viver em um país livre, democrático e socialista. Sonhando com o dia em que as grades dos calabouços se abrirão para deixar livres os que estão ali por causa de opções políticas e ideológicas. Queremos um país que respeite os direitos humanos, que não tolere a tortura e que garanta a livre organização de estudantes e trabalhadores. E que nunca mais se repita com ninguém o que nos aconteceu”, diz um trecho do livro.