Senador Capiberibe se manifestou no plenário do Senado desta terça-feira (25) contra a forma como os povos indígenas foram tratados na Esplanada dos Ministérios. Eles desceram correndo o gramado em frente ao Congresso e foram impedidos por policiais da Tropa de Choque de acessar a entrada que dá acesso à Câmara e ao Senado. A PM usou bombas de gás, balas de borracha e spray de pimenta para impedir que os manifestantes seguissem em direção ao prédio. Em resposta, indígenas atiraram flechas contra os militares e em direção ao Congresso.
Os índios de diferentes etnias estão em Brasília para a 14ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL). O objetivo é pedir mais respeito à natureza e à demarcação de terras e protestar contra o governo Temer. O evento é promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e deve se estender até a próxima sexta-feira (28).
“Um grupo de indígenas que se manifestavam pacificamente aqui, na Esplanada, foram atacados com bomba, de uma forma absolutamente desnecessária. A agressividade é nossa, desta sociedade ocidental e cristã que os agride permanentemente, agrediu-os no passado e continua agredindo no presente. Eles estavam distantes do Congresso Nacional, não havia qualquer possibilidade de eles ameaçarem quem quer que seja. A atitude foi uma atitude grotesca, violenta, agressiva. Aqui fica o meu repúdio à essa agressão aos povos indígenas do Brasil, principalmente no momento em que eles lutam para preservar o direito às suas terras e também preservar as suas próprias vidas”, destacou Capiberibe.
Crise Política – Ainda no plenário, Capiberibe também fez um registro de uma matéria da revista Piauí, com o título “Não interessa mais”.
Ele explicou que é o Brasil que não interessa mais aos correspondentes estrangeiros. “Está havendo uma debandada de correspondentes estrangeiros do Brasil. E isso começou há pouquíssimos dias. Eles perderam a expectativa em relação ao nosso País. Não é apenas a sociedade brasileira que está decepcionada e incrédula diante do tamanho da crise que nós estamos vivendo. Para se ter uma ideia, dos 120 correspondentes estrangeiros registrados no Rio de Janeiro, este mês já viajaram 30. E algumas empresas de comunicação que pretendiam investir no Brasil desistiram de suas intenções, a comunicação global perdeu qualquer interesse pelo Brasil. Eles consideram que no Brasil só se fala em crise, só se fala em retrocesso, em recessão e nessas investigações que têm assustado a sociedade brasileira”.
O senador fez também um apelo: “Parlamentares, nós, representantes políticos, precisamos tomar uma atitude. Precisamos corresponder às exigências que a sociedade nos faz para dar encaminhamento à crise política. Essa crise – repito – é a crise da representação política. A questão da reforma política tem que ser inserida com prioridade na discussão. Nós precisamos reformar o sistema político que apodreceu diante dos nossos olhos. É preciso uma reforma política que reduza o custo das eleições e que crie oportunidade para todos participarem, inclusive esse cidadão que tem resistência à política. Mas a política é o instrumento de construção do poder. É através dela que se pode fazer as grandes mudanças, inclusive superar a crise que nós estamos vivendo”.
Foto: Rafael Nunes