A luta quase solitária do coordenador da Pastoral da Terra no Amapá, padre Sisto, ganhou nesta segunda-feira, 31, dois fortes aliados. O senador João Capiberibe e a deputada federal Janete vão pedir, em Brasília, providências sobre as denúncias feitas pelo religioso a respeito de grilagem de terras e decisões judiciais equivocadas. O padre afirma que elas só têm prejudicado os pequenos agricultores do Estado, que, de fato, possuem a posse da terra.
De acordo com o padre, o agronegócio tem agido de forma cruel e silenciosa nos campos do Amapá e quem vive há décadas na terra está praticamente sendo expulsa dela, sem que os órgãos responsáveis como o Ministério Público Federal, Ministro Público do Estado e o próprio governo tomem providências para solucionar o problema.
“Não podemos permitir que isso ocorra. Vamos unir as forças e cobrar uma apuração mais eficaz e justa para que os donos terras não sejam expulsos dela”, enfatizou o senador.
Da mesma forma vai agir a deputada federal Janete Capiberibe. “Solicitamos do padre Sisto a cópia de todas as denúncias feitas por ele. Não podemos permitir esse tipo de conflito no nosso Amapá”, destacou a parlamentar.
Entre as denúncias do coordenador da Pastoral da Terra estão a retirada ilegal de madeira de áreas protegidas por lei – como a Flota – e a utilização dos assentamentos para a plantação de soja pelo agronegócio, que mudaria o objetivo dessas unidades produtivas, que é o fortalecimento da agricultura familiar.
Outro caso citado por ele, diz respeito a uma decisão do juiz da comarca de Amapá, José Castellões Menezes Neto, que indeferiu o pedido de manutenção na posse de terra de três remanescentes da família Magave. O magistrado teria dado essas terras a um fazendeiro do Paraná, que mora em Curitiba, de nome José Luís Schuchovski. Há 22 anos, foi nessa propriedade que foram esquartejadas cinco pessoas da família Magave.
A história
Em 1994, o fazendeiro José Luís Schuchovski, foi para Curitiba abandonado suas terras. Em 2012, ele ingressou na Justiça pedindo a reintegração de posse das terras que já haviam sido ocupadas por outras pessoas.
Ocorre que, ao refazer a cerca, modificou a direção da mesma e invadiu terras pertencentes a família Magave, que por sua vez, buscou seus direitos na Justiça. Mesmo com a confirmação, feita pelo IMAP, de que o fazendeiro invadiu as terras, o juiz deu ganho de causa ao fazendeiro, que respondeu todo o processo por Carta Precatória, já que não vive no Amapá.