O Brasil vive um quadro muito preocupante. Todos nós presenciamos o acirramento político e o sectarismo que se alastra nas escolas, nas ruas, nos ambientes de trabalho, aqui no plenário e até em nossas relações familiares. Não consigo enxergar uma porta aberta para sairmos da crise. O impeachment não é a solução, é uma opção pelo confronto, não resolve, só aprofunda a crise. Quando o presidente dessa casa abrir o painel, teremos um foguetório em todo o país, e também vencedores e vencidos, e aí tudo fica mais complicado. Não se sai de uma crise tão grave quanto essa, pelo confronto. É preciso aplainar as arestas e se entender, pactuar uma saída.
O país tem hoje 11 milhões de desempregados e milhares de empresas fechando as portas. É para trabalhar para esses cidadãos e para o povo brasileiro que ganhamos nossos salários. Essa deveria ser nossa maior preocupação.
Independente do resultado do impeachment, daqui a dois ou três meses nós vamos continuar mergulhados na crise. Esta é uma briga pelo poder, é uma briga entre dois partidos que governaram durante cinco anos juntos. Andavam de mãos dadas passeando pela Esplanada dos Ministérios, ocupando os espaços; de repente, confrontam-se e levam-nos a essa situação sem esperança. Repito! Eu não tenho esperança em sair da crise pela condução que nós estamos dando.
Só existe uma saída, os responsáveis pela situação atual, ou seja, a presidente Dilma e o vice-presidente Temer, PT e PMDB, devem chamar novas eleições. O povo é o juiz legítimo dessa situação. Não é o Supremo, não é o Senado, não é a Câmara. Os dirigentes, todos nós, abrimos mão da capacidade de resolver os problemas do País.
Em 1985 a classe política do Brasil construiu a Aliança Democrática, um pacto das elites, que loteou os espaços públicos e que continua até hoje. Trocar cargos por apoio político foi a maior razão do fracasso do governo de Dilma Rousseff, o futuro governo Temer vai na mesma direção, e esse é o caminho do fracasso. Nós vamos, infelizmente, continuar olhando para o cidadão desempregado, para os empresários falidos, sem lhes dar uma resposta.
Por isso meu voto é contra a admissibilidade do impeachment para que a presidente Dilma Rousseff conduza o processo mais importante e mais necessário para o povo brasileiro: a realização de novas eleições. O mesmo vale para o caso do vice-presidente Michel Temer tornar-se presidente. O povo não quer trocar seis por meia dúzia, o povo quer escolher.
Foto: Jefferson Rudy / Agência Senado