Limão do Curuá, Ponta do Curuá, Igarapé do Meio, Jaranduba, Carneiro, Macedônica e Progresso. Em comum, essas e outras 37 comunidades do Arquipélago do Bailique estão abandonadas pelo Poder Público estadual e municipal. A constatação foi feita por uma comitiva de parlamentares do PSB, que, liderados pelo senador João Capiberibe, passou três dias na região ouvindo os apelos dos moradores.
Educação
A única escola, a Bosque, que oferece o ensino médio está fechada. E as outras de ensino fundamental, sob a tutela do Estado, ou também estão fechadas ou funcionando precariamente. A construção das seis escolas – no total foram dez, quatro foram concluídas e entregues à comunidade – que o ex-governador Camilo Capiberibe deixou em fase avançada de conclusão está paralisada, comprometendo o ano letivo, já que na maioria das escolas as aulas nem começaram.
“Os nossos estudos estão comprometidos. Espero que a escola não esqueça de mim”, desabafou o estudante do último ano do ensino médio, Welington Silva.
Saúde
A Unidade Básica de Saúde da Vila Progresso, onde se concentra o maior número de moradores do arquipélago – está praticamente sem remédio. O mesmo ocorre nas demais unidades espalhadas nas vilas. Existem os agentes de saúde, mas, sem remédio, eles cruzam os braços.
Sem saída
Para quem fica doente a saída é enfrentar 12 horas de barco e vir a Macapá. “O GTA [Grupo Tático Aéreo] quando chega aqui para pegar um doente é só para fazer média com a mídia. Estamos sozinhos”, lamentou Nilson Ferreira da Silva, conhecido como “Ceará”.
Isolamento
O telefone público que poderia encurtar a distância entre o Bailique e a capital sempre está com problemas. O único que ainda funciona em todo o arquipélago fica na Vila Progresso, onde também existe uma lan house que permite aos jovens – a hora custa três reais – fazerem suas pesquisas e se conectarem com o mundo.
Caída
No ano passado, várias casas desabaram e foram engolidas pelo rio por conta do fenômeno conhecido como “caída”. Segundo o presidente da Colônia de Pescadores, Felico Rocha, o prefeito Clécio Luís (Rede) assinou decreto de emergência para a reconstrução das moradias. No entanto, não saiu do papel. “As famílias estão vivendo em situação difícil. Muitas delas, com pequenos improvisos do que restou de madeira”, denunciou.
“É um crime o que o governo e a prefeitura estão fazendo com os moradores do Bailique. Faltam serviços básicos para quem mora ali. Estão tirando a oportunidade de crianças e jovens construírem um futuro melhor”, declarou o senador João Capiberibe.
A rádio comunitária
Fora o telefone público que sempre apresenta problemas, a outra forma de comunicação se dá através da rádio comunitária do Bailique, mas, segundo denúncias dos próprios moradores, a voz que ecoava de 2011 a 2014 para criticar o Governo do Estado se calou e agora a programação é feita basicamente com música.
“O que vimos nesses três dias de viagem foi totalmente desolador. Vamos denunciar tudo no Senado, na Câmara dos Deputados, na Assembleia Legislativa e na Câmara de Vereadores e cobrar solução para essas famílias, porque o povo do Bailique precisa de respostas urgentes para suas demandas”, destacou a deputada federal Janete Capiberibe.