Objetivo é promover conhecimento e desenvolvimento para a região da Amazônia Legal
Discutir parcerias na área de pesquisas e inovações, esse foi objetivo do II Fórum de Reitores e Pró-Reitores das Amazônias, realizado nesta segunda-feira (24) no auditório do Interlegis, no Senado Federal. O evento, promovido pelo senador João Capiberibe (PSB/AP), centrou o debate nas experiências produtivas em andamento, no âmbito da megabiodiversidade e da biotecnologia.
Os participantes foram unânimes em concordar que existe um conjunto de desafios para enfrentar na região da Amazônia Legal e que é preciso trabalhar juntos para vencer os obstáculos comuns. Nove estados compõem a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Pará, Amazonas, Tocantins, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Maranhão.
“É preciso obter conhecimento na região, que carece de recursos humanos altamente qualificados. Para isso proponho fazer um mutirão, em que cada universidade encaminharia uma carta à bancada da Amazônia no Congresso Nacional, com o objetivo de conseguir emendas parlamentares para um projeto comum. Os recursos seriam alocados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) para fixação de mestres e doutores na Amazônia”, destacou o senador Capiberibe.
Capiberibe também ressaltou a necessidade de um projeto comum sobre geração de energia, em que as universidades passassem a refletir para a sociedade a urgência de matrizes energéticas sustentáveis. “Um projeto comum facilitaria a busca por recursos financeiros, diante disso, vou encaminhar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para isentar a energia gerada por painéis solares de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
O reitor da Universidade do Pará, Carlos Maneschy, concorda com os projetos do senador. Para ele é preciso embasar o desenvolvimento colocando a economia do conhecimento como prioridade. Assim, é necessário a formação, atração e fixação de recursos humanos na região e retomar os cursos de mestrado e doutorados interinstitucionais. “Temos que introduzir a cultura do empreendedorismo nas nossas universidades”, ressaltou.
Uma alternativa para tal realidade seria alterar as regras da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) , que hoje inibe a criação de mestrados e doutorados. As faculdades fariam um documento único com propostas para a CAPES, a fim de reverter essa desigualdade regional histórica.
Na mesma linha de pensamento, a reitora da Universidade Federal do Amapá, Eliane Superti, acredita que existem grandes desafios na área de pesquisa e pós-graduação. “É preciso fazer arranjos institucionais, que somem forças de todas as entidades, Senado Federal, universidade, Capes, Ministério da Educação e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), para que assim sejamos capazes de desenvolver estratégias estruturantes de pesquisas na região. A Amazônia possui uma pluralidade e uma diversidade natural e social, por isso a necessidade e a importância de diálogos, por serem realidades locais tão diferentes”, explicou.
Futuro – Jesualdo Farias, da Secretaria de Educação Superior (Sesu), do Ministério da Educação, acredita que o Fórum aconteceu no momento propício e é altamente qualificado para apresentar propostas e pensar no futuro. “Acredito no potencial das universidades da região norte, na qualidade do corpo docente, basta avançarmos na legislação. Dar autonomia necessária às universidades sobre a atuação dos professores. É bom ver o Senado preocupado, trazendo projetos transformadores para a região e para o país, trazendo os reitores para o diálogo”.
Márcio Santilli, do Instituto Socioambiental (ISA), também destacou a importância do evento. “Esse Fórum é de grande importância estratégica, pois busca iniciativas que possam levar a um quadro melhor do que encontramos hoje no nosso continente”
A pesquisadora da Embrapa, Ana Euler, descreveu parte dos projetos da Embrapa no Amapá e elogiou os mandatos do senador Capiberibe e da deputada Janete Capiberibe. “Esses dois mandatos foram fundamentais para nos ajudar nas bases de pesquisa da aquicultura e da pesca. A Embrapa é uma parceira para formar uma aliança, com linhas prioritárias de atuação”.
Participaram, ainda, do do II Fórum de Reitores e Pró-Reitores das Amazônias, representantes da Universidade Federal do Amazonas, da Universidade Federal de Mato Grosso, da Universidade Federal do Oeste do Pará, da Universidade do Sul e Sudeste do Pará, da Universidade do Suriname, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Instituto Federal do Amazonas (IFAM), do CNPQ, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Agência Nacional de Águas (ANA), do Museu paraense Emilio Goeldi, da ONG Ativos Socioambientais, do Ministério da Saúde, da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Será feita uma carta-resumo do evento para que todos os signatários possam analisar e aprovar. A expectativa é que em 2016 um novo encontro aconteça em Brasília.