Na manhã desta sexta-feira, 28, a Comissão Estadual da Verdade do Amapá realizou uma Audiência Pública, organizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AP), para relembrar os 50 anos do golpe e coletar, oficialmente, o relato de dois importantes personagens que foram perseguidos e exilados do Amapá: o casal João e Janete Capiberibe.
Leia na íntegra a matéria da Agência Amapá de Notícias: http://www.agenciaamapa.com.br/noticia/37954/
No amanhecer da próxima segunda-feira, 31, o capítulo mais negativo da história brasileira, o golpe militar de 1964, completará 50 anos. Após o período de mais de 20 anos de torturas, sequestros, desaparecimentos e assassinatos, entre outras violações, o Brasil ainda tenta esclarecer os crimes e outros fatos obscuros cometidos pelo regime totalitário. Para isso, o Governo Federal instaurou, em diversos estados, as Comissões da Verdade, que são incumbidas de apurar os abusos do regime militar.
No Amapá, o dispositivo trabalha desde junho de 2013 – quando foi sancionado pelo governador Camilo Capiberibe – para produzir um relatório que, em dois anos, será entregue à Comissão Nacional da Verdade.
Por isso, na manhã desta sexta-feira, 28, a Comissão realizou uma Audiência Pública, organizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AP), para relembrar os 50 anos do golpe e coletar, oficialmente, o relato de dois importantes personagens que foram perseguidos e exilados do Amapá: o casal João e Janete Capiberibe.
Atualmente, senador da República e deputada federal pelo Estado, eles deram, emocionados, um testemunho com riqueza de detalhes sobre as ações de militares. Nos relatos, surgiu a memória de outros amapaenses perseguidos pelo regime, a exemplo do funcionário público Meton Jucá, falecido no último dia 12. Assim como com outras vítimas da ditadura em Macapá, Jucá deu o seu testemunho à Comissão da Verdade. O vídeo do relato foi exibido durante a audiência.
“A Comissão vai nos ajudar a reescrever trechos obscuros da nossa história. É importante que a sociedade tome conhecimento do que aconteceu para que não permita o retrocesso ao regime militar”, comentou a deputada Janete.
“Esse trabalho é um instrumento de resgate da memória daquelas pessoas que se sacrificaram para nós vivermos na democracia e com liberdade de expressão que vivemos hoje. Não é uma data para comemorar, mas para se refletir sobre os malefícios que a ditadura causou para que jamais a sociedade seja privada de seus direitos básicos novamente”, disse o senador Capiberibe sobre o 31 de março.
“Não haverá uma transição completa, da ditadura à democracia, enquanto não se conhecer a fundo os males causados pelo regime militar. A sociedade atual deve entender que, pelos crimes terríveis cometidos contra a nação, contra os avós, pais, e tios dos jovens de hoje, o regime militar jamais deve retornar. A Comissão da Verdade vai mostrar que essas violações contra os direitos humanos têm de ser apuradas e punidas”, sentenciou o governador Camilo Capiberibe na solenidade de abertura.
Os trabalhos da Audiência Pública foram conduzidos pelo presidente da Comissão da Verdade no Amapá, Luciano Del Castilo. Também participou do evento o presidente da OAB/AP, Paulo Campelo.