Uma professora e dez alunos de uma escola pública de Paulista, pequena cidade de 11 mil habitantes no interior da Paraíba, são os protagonistas da Audiência Pública presidida pelo senador João Capiberibe (PSB-AP), na manhã de quarta-feira, 15/5.
O evento foi organizado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado da através de requerimento de autoria de João Capiberibe. Em pauta estava a curiosidade de parlamentares e educadores pelo notável desempenho desses jovens na concorrida Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), organizada pelo Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).
Em sua última edição, a Obmep contou com a participação de 19 milhões de alunos da rede pública de todo o Brasil. Desses, 22 medalhistas são do município de Paulista, dos quais 13 são alunos de Jonilda Ferreira, professora da Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga. Uma brasileira arretada que construiu com os elementos do dia-a-dia do sertão um padrão para a aplicabilidade da matemática.
Dentre os alunos medalhistas estava Wanderson Ferreira, de 12 anos. O jovem já conquistou dois ouros e uma prata na Obmep. Adivinha de quem ele é filho? Da Jonilda. E foi quando teve que dar aulas para o próprio filho que a professora percebeu o quanto o jovem avançou no conhecimento da disciplina. Sendo assim, Jonilda se empenhou como uma mãe e passou a oferecer aos seus alunos a vivência da matemática .
“Para aprender matemática é imprescindível vivenciá-la. Isso é o que encanta. As minhas aulas sobre fração são na pizzaria. Também levo todo mundo para a feira livre. Olha que são mais de 30 alunos. No posto de gasolina aprendemos números reais, mas não ficamos só nisso, também aprendemos sobre qualidade do combustível. Na farmácia estudamos medidas, baseados nas dosagens dos medicamentos. Coloco todo mundo na cozinha para lidar com receitas e trabalhar proporções, mas também preparar a salada. No terreno da escola saímos para medir o perímetro. Fazemos matemática na prática”, explicou a professora.
Para o senador João Capiberibe, é preciso que tenhamos mais Jonildas no Brasil: “Já avançamos bastante na Educação, universalizamos o ensino fundamental, devemos chegar à universalização da creche e da pré-escola, espero. É verdade que demos um salto. Mas agora temos que qualificar essa universalização”, disse, ainda emocionado com os depoimentos dos alunos que enalteceram a professora e destacaram a importância da pedagogia baseada no afeto e na alegria, que nem mesmo a seca inclemente é capaz de inibir. Para ele “a melhor metodologia é aquela baseada nas necessidades do cotidiano, como defendia o educador Paulo Freire”. João Capiberibe lembrou com humor de sua alfabetização: “Fui educado numa cartilha onde se trabalhava uma consoante e duas vogais. ‘Ivo viu a uva’. Eu sabia o que era Ivo. Mas uva? Para uma criança nascida às margens do Rio Amazonas uva era algo inimaginável. Mas felizmente consegui me alfabetizar!”, brincou o senador.
Participaram da audiência o senador Vital do Rego (PMDB-PB), o diretor adjunto do IMPA Claudio Landim, a e diretora de formulação de conteúdos do MEC Mônica Gardelle Franco.