A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados vai realizar audiência pública para debater a violação dos direitos do povo guarani-kaiowá, do Mato Grosso do Sul. A iniciativa é da deputada Janete Capiberibe (PSB/AP) e a data da audiência ainda será marcada.
A Comissão também vai integrar a campanha “Somos Todos Guarani-Kaiowá”, nas redes sociais, após ter aprovado requerimento das deputadas Janete Capiberibe e Érika Kokai e do deputado Padre Ton, e vai realizar nova missão oficial ao Mato Grosso do Sul para os parlamentares investigarem a situação sofrida pelos indígenas.
Na quarta-feira, 31/10, próximo ao meio-dia, uma marcha em defesa do povo guarani-kaiowá reuniu cerca de 200 pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Organizada pelas redes sociais, reuniu estudantes de escolas públicas e da UNB – Universidade de Brasília, lideranças indígenas e parlamentares como a deputada Janete e o senador João Capiberibe.
“No Amapá, temos uma secretaria de políticas para os povos indígenas, com a presença deles no Governo do Estado. Eles deveriam ter esse respeito em todo o país. São cidadãos como nós, com uma cultura diferente que deve ser respeitada. Temos que parar com essa cultura de opressão aos povos indígenas e a ofensiva sobre os direitos garantidos na Constituição de 1988”, afirmou a deputada Janete durante a marcha pela Esplanada.
Na década de 50 do século passado, com a colonização promovida pelo Governo Vargas no Mato Grosso do Sul, os guaranis-kaiowás foram confinados em oito reservas com áreas entre 2,4 mil hectares e 3,5 mil hectares que haviam sido demarcadas no início do século.
Fortalecido, o agronegócio avançou sobre essas áreas, ao mesmo tempo em que o aumento da população indígena e o retorno de parentes que haviam fugido do território pressionava por espaços maiores de terras. A falta de perspectivas de formarem família com condições dignas de vida dentro da sua cultura leva dezenas de guaranis-kaiowás ao suicídio.
Só em 2011 foram 26 mortos, a maioria deles na faixa dos 15 aos 19 anos, segundo dados do CIMI – Conselho Indigenista Missionário. 90% da população guarani-kaiowá confinada nas terras indígenas no Mato Grosso do Sul sobrevive com cestas básicas doadas pelo Governo Federal. Esta situação é considerada humilhante e vergonhosa pelos índios.
Sizan Luis